A caminho de Pasárgada passo por Persépolis.
Na entrada da cidade, Zoroastro, sentado à pedra
Diz-me que o mundo dos manes é dos grandes reis.
Sem amigos na cidadela, vago as ruas de vedra...
Em Persépolis, os montes verdes estão cinzentos;
Não vejo as árvores e suas sombras deleitosas.
Apenas o ocre da terra e os furiosos ventos;
Não há nas ribeiras do rio ciprestes de amoras...
Em Pasárgada sou inimigo do rei e dos hipócritas;
Não tenho escolhas, cama nem mulheres corruptas.
Sou o malquisto, no inferno dos prazeres dos Persas.
Pois roubei o facão da morte e tornei-me escuso.
Um pobre perdido, a cada esquina do acaso,
A espreitar a guilhotina do ocaso.
Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
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