Não vi demônio nenhum na escuridão.
Só almas vagantes, insaciadas...
Eu ansiava encontrar os mortos
E só vi a minha imagem no espelho.
A alcova está cheia de espectros maquiados.
Na coxia há um vulto de meu personagem
E eu o chamo para a luz.
Não há holofotes na ribalta para mim
Nem assoalho que me possa sustentar...
O palco é dos demônios que a igreja amaldiçoou.
- Merda!
Para que aconteça o contrário da vida insaciada...
Venham pobres perdidos para debaixo de minhas asas.
- Eu sou Dioniso...
A escuridão do teatro é para os que não têm medo das trevas.
Lá existe a vida abundante para os inconformados.
O texto está cheio de amor e de ódio
Desde que os deuses escreveram o grande espetáculo...
Poetas metidos à bestas.
Venham aqui atuar ao invés de mandar seus filhos medrosos.
Eu estou aqui no proscênio puxando as cordas das cortinas.
O espetáculo vai começar!
Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
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