A mão estendida,
Os pés na cor do asfalto,
Os olhos desconfiados,
Esmorecidos, verdadeiros...
A bermuda fora a calça de alguém;
A camisa emblemática do corrupto;
Descalço e sujo
Na calçada dos judeus.
Ele é o meu transunto
E Deus ama a imundice...
- venha aqui, Senhor! Velar comigo.
Ecce Homo!
Eu sou o lixo do canto da rua,
Os ratos, as baratas, os vermes do esgoto...
Eu sou aquele homem que pede esmolas
E Deus é a minha imagem.
Eu me vi naqueles olhos chispados
Que ninguém se pôs a ver.
A cidade, cheia de tudo, e ninguém viu o morcego.
Alguém viu o morcego?
O canário está na gaiola e todos querem ouvi-lo cantar.
Cadê os porcos? Cadê os porcos? Cadê os porcos?
- Deus, saia da platéia e suba ao palco!
Cretino...
Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAplausos para Deus. Aplausos para sua tirania e para como ela consegue reunir tantos seguidores.
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