Não cresci nos campos de relvas
Nem na cidade cinzenta de paris.
Vim das periferias, das vielas quase selvas
De onde me faço escapar por um triz.
Eu que bebi e fumei
Sem ser um boêmio,
Que escrevi e cantei
Sem ser nenhum gênio...
Eu que sou fumaça tragada,
A góia* suja, estragada,
A folha de papel amarrotada...
Não pude ser o grande poeta
Mas fui o grande obstetra
Que pari as dores de mim.
*góia é o que restou do cigarro.
Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
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