Há dias que o sol escurece
E não há sequer as chispas de uma candela.
As cores afugentam-se todas
Numa imensa imagem escura, inóspita...
É o inferno, indubitável e perverso
Com os demônios mascarados
À procura de suas faces perdidas...
Eu vejo os vultos e suas máscaras
Na multifacetada máscara do outro,
Máscaras dos demônios no escuro...
E um deles olha pra mim
Com seus olhos cristãos...
Como nos meus velhos olhos no espelho.
Até que luz se volta...
Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
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"...Como fenômeno estético, a existência é sempre, para nós, suportável ainda."
ResponderExcluir(Friedrich Nietzsche) .
"Como nos meus velhos olhos no espelho..."
uma visão parcial do Eu...seria insuportável, conhecer-se em sua totalidade...
Puts! texto excelente...uma dose sublimada da psicanálise...heh
Para os fracos a dor de abrir os olhos pode ser fatal, mas para as águias moço, é o principio da transcedência dos pragmatismos teoricos culturais, siga em frente... Sinta... Perceba-se como individuo. Despeça-se dessses conceitos criados para a massa, porque enxergar-se é sempre divino e jamais insuportável...
ResponderExcluirbelissimo poema... A beleza e a pureza de enchergar-se por vários ângulos isso sim é gênial, assumir os demônios e despir do convecional, de que o belo clássico está sempre nas imagens compadecidas.
Parabéns meu querido...
Amanda Braga