Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Pronto!
Agora soltei os pássaros selvagens...
Gaiola aberta e eles vão voar por aí.
Não restou sequer um.
Apenas o vento calmo do verão
Na beirada do mar.
Eles estavam furiosos
E eu os deixei fugir.
Era isso o que queriam:
Voar a imensidão azul do céu...
São livres!
De vez!
Mas, eu sei...
Eu sempre soube!
Eles vão voltar,
Famintos e desesperados,
Sedentos de meu mundo...
Voem pobres pássaros!
Eu vos tornei livres,
Atrelados apenas
Ao que eu posso chamar de
Amor.
sábado, 2 de outubro de 2010
Ah, todos são cruéis!
Basta apenas pisar os calos
E os demônios se soltam,
Cuspindo fogo e gelo...
Mostrando os dentes ferozes...
Uma hipocrisia de bondade é ensinada,
Um amor utópico é proposto...
Mas nós somos incapazes,
Aliás, somos mais que isso,
Somos filhos de um Deus Atroz;
De uma natureza injusta e falha...
Temos em nós mesmos a insensatez,
O egoísmo, a ira e a maldade...
Somos o fruto da crueldade,
Com resquícios da incompetência divina...
Somos o traslado da criação.
A criação!
Oh, estrela matutina,
Queimarás no fogo e no enxofre,
Serás pisoteado por desvendar os olhos,
Pelos pés calejados
De teu pai,
O teu algoz...
- Doidos são os poetas que morrem cedo...
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