Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Ali,
Do outro lado da janela,
Mora o pássaro
Comedor de migalhas...
Ele voa alto,
Mas insiste descer o chão!
Asas malditas,
Feitas de cera;
Jamais chegará ao sol!
– Morrerá,
Se quiser voar,
No alçapão:
De dor,
De fome,
Preso!
Pobre pássaro
Encarcerado...
Livre é o pensamento...
Dentro ou fora de uma janela,
Com um papel
E uma caneta em mão.
domingo, 19 de setembro de 2010
Por hora, deitei a caneta.
Há um tempo que antecede o trovão...
Antes da tempestade o vento sopra
Calmo, até ficar furioso.
Aí o cinza torna-se escuro,
Mas eu ainda sou o branco, o branco...
Protejam-se da tempestade,
Ela é avisada nos moinhos...
Fiquem atentos a não cuspir o vento,
Ele trás consigo fogo e gelo;
E é medonho a destruir os templos...
Por hora, o papel é branco.
Mas há um rascunho de poesia.
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