Eis aqui uma folha como a de um caderno para riscar. Poderia ser um rabisco, debuxo ou um colorido. Mas prefiro, antes que eu a amarrote e a jogue no cesto do lixo, dar a ela minha voz que é o grito engasgado de tantos outros apertos que não os suporto mais. Portanto eis aqui o diagnóstico de meu pigarro e rouquidão. O meu papel escrito, antes morto e hoje vivo, sujo e detestável. Leiam antes que eu o amarrote e o jogue no lixo!
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Foram os pirilampos que me fizeram lembrar... Naquelas noites mal dormidas em que não se pode sonhar –, senão acordado. Foi que pude ver no escuro, aos relampejos nas urzes dos campos, os pirilampos em seus romances a dois. E então lembrar era o sonho naquela insônia da noite entre a janela e o travesseiro. E me via na infância, com um sorriso nostálgico, a namorar na cancela. Saudosa criança eu fui, que corria atrás das troças das bandas que tocavam canções de amor; que rabiscava os cadernos com poesias e sonhos... Mas a fronte franze com o tempo e nos tornamos velhos –, mesmo sendo jovens. E caducos ficamos, desiludidos com o fardo que carregamos, com os dias desventurados de nossa vida curta. E de não restar tanto júbilo, pouco importa tantas coisas, senão o que custa às lembranças. O arroubo de hoje tem sido as aventuras efêmeras que não passam de experiências para um pobre ator. Mas a musa que vejo nos sonhos e que escreve poemas é a que tem me tornado o que eu sempre fui, o que sempre serei.
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